O QUE É A BIOECONOMIA?
October 30, 2018Projeto AgriEmpreende – Sessão dos Mercados de Financiamento
November 30, 2018A Bioeconomia e a Economia Circular no Websummit
A MJC esteve presente no Websummit e pôde verificar que não se fala unicamente de tecnologia, startups e empreendedorismo, o Web Summit não é exclusivamente “web”, apresenta-se também como um púlpito para discutir questões como as alterações climáticas, poluição e sustentabilidade.
No 1º dia no palco Planet:Tech passaram cerca de 30 oradores, de diferentes nacionalidades e meios profissionais, todos ligados pela mesma linha condutora: a construção de um Mundo melhor para as gerações futuras tendo por base a tecnologia. E o que é isto se não a promoção da Bioeconomia Circular! A Bioeconomia é uma nova fronteira para o desenvolvimento económico sustentável e circular, assente nas possibilidades trazidas pela tecnologia aplicadas a vários segmentos da economia: saúde e farmacêutica, indústria química, energia, alimentos e cosméticos, dentre muitos outros.
Há muita coisa nova a acontecer nas comunidades científicas e empresariais de todo o mundo no que diz respeito ao desenvolvimento da Bioeconomia, esta é a nova onda da economia global e o seu sucesso depende da criação de novas tecnologias e de inovações que levem à criação de novos processos de produção, novos produtos e à reciclagem e reutilização destes. No palco Planet:Tech podemos assistir à apresentação de vários exemplos que gostaríamos de destacar:
1) A empresa TIPA Corp, Ltda, fundada em 2010 em Israel, desenvolve soluções de embalagens flexíveis e orgânicas. Para a TIPA uma embalagem deve se comportar como uma casca de laranja, que se decompõe e não deixa resíduos tóxicos, podendo a sua decomposição ser usada como fertilizante. A visão da TIPA é que as embalagens devem ter o mesmo fim de vida da matéria orgânica, oferecendo, ao mesmo tempo, aos consumidores a durabilidade, a transparência e o prazo de validade que eles esperam dos plásticos convencionais. A TIPA desenvolveu a tecnologia que lhe permitiu a produção de embalagens que os consumidores podem descartar da mesma forma que descartam os alimentos – no fluxo de resíduos alimentares. As embalagens TIPA podem ser utilizadas para acondicionar essencialmente alimentos, sejam eles frescos ou congelados.
2) A Plenty, criada em 2014 nos EUA, é uma empresa de tecnologia agrícola que quer mudar radicalmente a forma como os alimentos são cultivados, através de um modelo alternativo e potencialmente disruptivo. A startup de São Francisco cultiva frutos e vegetais em espaços interiores utilizando torres verticais high-tech de 6 metros. O sistema dispensa a utilização de solo e de pesticidas e a existência de luz natural. A água e os nutrientes são introduzidos a partir do topo das torres, o que permite que se expandam com a gravidade (elimina a necessidade de utilização de bombas e reduzindo assim os custos). Toda a água envolvida no sistema é recolhida e reciclada. Desta forma, a Plenty acredita que poderá ajudar a suprir a escassez mundial de frutas e vegetais, sobretudo pelo seu método e tecnologia que aumentam exponencialmente a eficiência na agricultura. A Plenty pretende criar a sua rede global de quintas agrícolas indoor, de forma a instalar-se na periferia de todas as grandes cidades do mundo. A Plenty planeia ainda instalar um sistema de distribuição mais eficiente em que seja possível que os alimentos passem do local de produção para a mesa dos consumidores em apenas algumas horas e com um preço equivalente ao praticado pelos retalhistas.
3) A Patagonia, Inc., é uma empresa americana de vestuário que comercializa e vende roupas sustentáveis, tendo sido por diversas vezes incluída na lista das “100 melhores” empresas norte-americanas para se trabalhar. A empresa foi fundada por Yvon Chouinard em 1973 na Califórnia e nasceu a partir de uma pequena empresa que fabricava ferramentas para alpinista. Atualmente a Patagonia expandiu a sua atividade dedicando-se também à produção de roupas para escalada – assim como esqui, snowboard, surfe, pesca, remo e corrida em trilha utilizando materiais biodegradáveis. A Patagónia tem como missão a produção de mais e melhores produtos, utilizando processos e matérias primas amigos do ambiente, tentando reduzir, neutralizar ou até mesmo reverter as causas das mudanças climáticas. A Patagonia foi a primeira empresa do seu ramo, a mudar para o uso exclusivo de algodão orgânico e a fabricar lã (velo) a partir de garrafas de refrigerante recicladas. Hoje em dia também utiliza o cânhamo, a borracha natural e outros materiais ecológicos como matérias primas dos seus produtos.
Apesar dos exemplos apresentados, segundo Christiana Figueres Coordenadora da Missão 2020, uma das oradoras que passaram pelo palco Planet:Tech, existe ainda um longo percurso a fazer no sentido, da sustentabilidade e do combate às alterações climáticas, sendo necessária uma ação concertada dos governos, empresas, academia e da sociedade civil no alinhamento de prioridades, tais como: (1) medidas de investimento/financiamento; (2) criação de novas tecnologias e de inovações; e (3) desenvolvimento do enquadramento legal e de políticas públicas.