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October 29, 2018A Bioeconomia e a Economia Circular no Websummit
November 12, 2018O QUE É A BIOECONOMIA?
Com a atual perspetiva de crescimento demográfico da população mundial, em que se estima que a população atinja mais de 9 mil milhões de habitantes em 2050, é inevitável pensarmos na inerente escassez de recursos. O modelo de utilização de recursos tem implicado alterações significativas e potencialmente irreversíveis do clima assim como uma perda contínua de biodiversidade.
A coesão socioeconómica das atuais e futuras gerações dependerá, em grande medida de uma alteração profunda de racionalização dos recursos naturais disponíveis e do modelo de produção económica nomeadamente, dos processos de produção, de consumo, de processamento, de armazenamento, de reciclagem e de eliminação dos recursos.
Emerge aqui o conceito de Bioeconomia, que se pode entender como sendo uma economia que utiliza os recursos biológicos da terra e do mar bem como os resíduos, também eles biológicos, como fatores de produção de alimentos para consumo humano e animal e de produção industrial e de energia de forma a garantir a sustentabilidade das gerações futuras. Este modelo procura também o desenvolvimento das áreas das biociências e da biotecnologia com o intuito de se introduzirem novos processos de produção biológicos, visando a produção de matérias-primas renováveis e de qualidade, sejam alimentos, rações, combustíveis, fibras ou outros produtos médicos ou industriais, gerando pouco ou nenhum desperdício. O desenvolvimento da Bioeconomia proporcionará segurança alimentar global, melhorará a nutrição e a saúde pública, tornará o processamento industrial mais limpo e eficiente e dará uma contribuição significativa para o esforço de mitigação da mudança climática.
No que diz respeito ao desenvolvimento da Bioeconomia, há muita coisa nova a acontecer nas comunidades científicas e empresariais de todo o mundo. Os especialistas concordam que esta é a nova onda da economia global, e que seu sucesso depende da criação de novas tecnologias e de inovações. Hoje já é possível transformar algas em combustível, reciclar plástico, fabricar mobília ou vestuário a partir de resíduos e converter subprodutos industriais em adubos biológicos.
A adoção do novo Paradigma, como a Bioeconomia, é também a resposta da Comissão Europeia aos principais desafios ambientais que o mundo enfrenta hoje, no sentido da criação de um modelo de desenvolvimento sustentável e um crescimento ecológico e inteligente da Europa. Ao promover a Bioeconomia sustentável e circular, a Comissão Europeia pretende reduzir a dependência dos recursos naturais, transformar a produção, promover a produção sustentável de recursos renováveis a partir da terra, pescas e aquacultura e a sua conversão em alimentos, fibras, produtos de base biológica e bioenergia, enquanto crescem novos empregos e indústrias. Em outubro de 2018 a Comissão Europeia lançou então uma nova estratégia para a Bioeconomia rumo a uma Europa sustentável assente em 14 medidas concretas, a concretizar já em 2019, destacando-se:
1. Expandir e reforçar os setores dos produtos biológicos. Para tirar plenamente partido do potencial da Bioeconomia para modernizar a economia e as indústrias europeias e alcançar uma prosperidade duradoura e sustentável, a Comissão irá:
– Criar uma Plataforma Temática de Investimento em Bioeconomia Circular com uma dotação de 100 milhões de euros, a fim de integrar as inovações a nível biológico no funcionamento do mercado e eliminar os riscos associados aos investimentos privados em soluções sustentáveis;
– Facilitar o desenvolvimento de novas biorrefinarias sustentáveis em toda a Europa.
2. Criar rapidamente Bioeconomia em toda a Europa. Os Estados-Membros e as regiões da Europa Central e Oriental, em particular, possuem um grande potencial subaproveitado em matéria de biomassa e resíduos. Para responder a esta situação, a Comissão pretende:
– Desenvolver uma agenda estratégica para a implantação de sistemas agrícolas e alimentares, silvicultura e produtos biológicos sustentáveis;
– Criar um Mecanismo de Apoio a Políticas Bioeconómicas para países da UE ao abrigo do Programa Quadro Horizonte 2020, a fim de promover agendas nacionais e regionais nesta matéria;
– Lançar ações-piloto para o desenvolvimento da Bioeconomia em zonas rurais, costeiras e urbanas, por exemplo em matéria de gestão de resíduos ou de sequestro de carbono.
3. Proteger o ecossistema e compreender as limitações ecológicas da Bioeconomia. O nosso ecossistema enfrenta ameaças e desafios consideráveis, tais como o aumento demográfico, as alterações climáticas e a degradação dos solos. Para dar resposta a estes desafios, a Comissão pretende:
– Implementar um sistema de monitorização à escala europeia para acompanhar os avanços na realização de uma Bioeconomia sustentável e circular;
– Melhorar, com base na recolha de dados, os nossos conhecimentos em domínios específicos da Bioeconomia e assegurar uma melhor acessibilidade através do Centro de Conhecimento para a Bioeconomia;
– Fornecer orientações e promover boas práticas quanto à aplicação da Bioeconomia dentro de limites ecológicos seguros.
Espera-se assim, que com a mudança de Paradigma seja possível o melhor uso e aproveitamento dos recursos naturais e das tecnologias, sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas preservando a biodiversidade e a sustentabilidade do planeta.